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Autor: Bernardo Dias Ribeiro.
Orientadores: Maria Alice Zarur Coelho e Daniel Weingart Barreto.
Saponinas, glicosídeos amplamente distribuídos na natureza, incluem um grupo diverso de compostos caracterizados por sua estrutura triterpênica ou esteroidal e um ou mais açúcares a esta ligada através de glicosilações. Sua diversidade estrutural é refletida por suas propriedades físico-quimicas (formação de espuma, emulsificação, solubilização, adoçante, amargor) e biológicas (hemolítico, antimicrobiano, molusquicida, inseticida, ictiocida), que são exploradas em várias aplicações nas indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica e também em biorremediação de solos. Algumas plantas, como Quillaja saponaria e Yucca schidigera, são exploradas comercialmente para extração de saponinas, utilizadas na emulsificação de bebidas ou em síntese de drogas esteroidais. As duas plantas, porém, não são brasileiras: a Quillaja saponaria é nativa do Chile e a Yucca schidigera, do Mexico.
Os objetivos desta tese consistem na busca por matérias-primas vegetais oriundas da agrobiodiversidade brasileira que possuam saponinas com potencial de aproveitamento econômico. Para isso, duas plantas, no máximo, serão selecionadas pela comparação das suas propriedades fisico-químicas e antimicrobianas, e estas serão caracterizadas e utilizadas como matéria-prima para o estudo e desenvolvimento de métodos de extração e concentração verdes das saponinas. Posteriormente, serão realizados testes de aplicação das saponinas como ativador e/ou inibidor enzimático para uso em alimentos e/ou cosméticos.
Das 38 plantas avaliadas por critérios tais como teor de saponinas e seus respectivos índices de emulsificação, tensão superficial, atividade antimicrobiana, além da sua sustentabilidade, duas foram escolhidas: juá e sisal. Com isso, foi realizada a caracterização destas saponinas, determinando suas concentrações micelares críticas (CMCs), 1,11 e 0,54 g/L, respectivamente, e avaliando a sua variação pela influência de pH, temperatura e concentração de NaCl; atividade antioxidante, complexação com colesterol e composição das saponinas por espectrometria de massas. Foram testados métodos de extração com etanol 30%, líquidos iônicos, solventes eutéticos, além da extração micelar com Triton X-100 e com auxilio de ultrassom. Destes métodos, a extração micelar tendo como condições em relação as saponinas de juá: 38,8°C; 1 h; 0,272 (relação juá/solvente), 300 rpm, 15% Triton; e em relação as saponinas de sisal: 50°C; 4 h; 0,166 (relação sisal/solvente), 200 rpm, 7,5% Triton, obteve recuperações de 90,8 e 98,4%, respectivamente, sendo o método escolhido para concentração por ponto de névoa. A extração orbital simples, com mais 2 reextrações, em condições similares, foi mantida para estudo dos métodos de concentração por coluna de espuma e separação por membranas.
Dentre os métodos de concentração estudados, o de ponto de névoa obteve a maior seletividade, com uso de carbonato de sódio 20% para a separação bifásica, e Amberlite FPX-66 em condições diferentes para as saponinas de juá (46,8°C e 25,1%) e de sisal (40,8°C e 25,4%) durante 30 min para remoção do Triton, tendo como fatores de concentração 10,6 e 6,6, respectivamente. Com os testes de alteração de atividade enzimática, hidrólise s síntese, as saponinas podem ser aplicadas em alimentos ricos em proteínas, favorecendo a produção de hidrolisados protéicos; aditivo para hidrólise de materiais amiláceos; auxiliar na síntese de ésteres de cadeia curta; fármacos antiobesidade e ativos cosméticos antiaging.